HISTÓRIA: Casarão dos Ingleses: entenda o vínculo com a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

Existem duas grandes teorias que cercam as estruturas arquitetônicas do patrimônio construído ao lado da cachoeira de Santo Antônio, em Porto Velho (RO). Em uma das teorias, a residência era habitada por ingleses, a outra conta que os habitantes eram bolivianos.

HISTÓRIA: Casarão dos Ingleses: entenda o vínculo com a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

Foto: Divulgação

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O Casarão dos Ingleses, em Porto Velho (RO), possui dois pavimentos, sendo construído durante o período da borracha entre o final do século XIX e início do século XX. Por se tratar de um patrimônio que não foi tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), a sua estrutura está comprometida pela situação de abandono.
 
 
Mas existem duas grandes teorias que cercam as estruturas arquitetônicas do patrimônio construído ao lado da cachoeira de Santo Antônio. Em uma das teorias, a residência era habitada por ingleses, a outra conta que os habitantes eram bolivianos.
 
 
Ambas começaram a partir da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), que se estende por 366 quilômetros na Amazônia, ligando Porto Velho a Guajará Mirim.
 
 
A EFMM garantiu para o Brasil a posse da fronteira com a Bolívia e permitiu a colonização de vastas extensões do território amazônico, a partir da cidade de Porto Velho, fundada em 4 de julho de 1907. 
 
 
O Portal Amazônia buscou as duas versões da construção do Casarão dos Ingleses. Confira:
 
 
Ingleses Collins
 
 
A primeira teoria se refere aos irmãos ingleses Phillip e Thomas Collins, engenheiros da empresa P & T Collins, que chegaram a Santo Antônio no dia 19 de fevereiro de 1978. 
 
 
Eles construíram a casa pensando na organização da empresa, onde na parte superior funcionava a residência da família dos engenheiros, empreiteiros e funcionários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré , enquanto na parte inferior era o escritório da empreitada. 
 
 
Foto: Reprodução/ Facebook- Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
 
 
Boliviano Suarez
 
 
Já a outra versão, envolve a história da chegada da família Suarez y Hermanos, do boliviano Suarez Calhaú, considerado o "rei da borracha", empresário e que teria sido o proprietário do Casarão. Suarez era um dos acionistas da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e também proprietário de toda a região do baixo Madeira e do médio Madeira, com seringais e casas aviadoras.
 
 
Para a construção de sua residência, contratou um engenheiro da Inglaterra, que importou todo o material de sua construção, tendo a sua casa entregue em dois anos. O local funcionava como uma "pousada" para receber clientes de Suarez. O responsável por cuidar do Casarão era o seu irmão.
 
 
A borracha da Amazônia foi desvalorizando depois do contrabando de sementes de seringueiras da Amazônia para a Malásia, o que resultou no crescimento econômico do país. Com o enfraquecimento do comércio de borracha da Amazônia, a família e a empresa Suarez abandonam a região de Santo Antônio.
 
 
Com o passar dos anos, a construção ficou conhecida como "Casarão dos Ingleses", principalmente pela ocupação do grileiro inglês James Byron Chorte. Durante o Regime Militar, James Byron foi processado pela justiça, pelo crime de apropriação do Casarão. Após alguns anos, James volta a ter prestígio na região e retoma as terras de Santo Antônio.
 
 
O local também já funcionou por alguns anos como Iate Clube de Porto Velho, posteriormente adquirido por um empresário tornando-se uma chácara e espaço para eventos. 
 
 
Alguns anos depois, houve a construção de uma usina hidrelétrica ao lado do Casarão, o imóvel foi arrendado pela Santo Antônio Energia e funcionou como a administração do consórcio por um tempo. Após a fase da construção da hidrelétrica, o local voltou a ser abandonado. 
 
 
 
Autor: VICTÓRIA MOTTA
Direito ao esquecimento

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