Momento Lítero Cultural IV

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- Momento Lítero Cultural IV -
*- *SANDRA RAVANINI CAMPINAS , SP *Tributo à Virgem violada (Amazônia) Poesia publicada na Antologia Escritores Brasileiros *- *Decepa a raiz e deita o cruel machado insano, *escorre a seiva espessa e morre o verde pela raiz, *e mais: a pele na pele do verdadeiro animal, *entregue foi a Virgem tal qual meretriz, *maldita a foice que desce em ato profano. *- *Aqui jaz: Amazônia, jamais! *- *Violada foi a fonte tão pura um dia, *hoje, o vermelho mercúrio contamina seu veio, *pois, veio o homem trazendo a chaga e a destruição, *violentando a Virgem e rasgando-a ao meio, *um dia, pedras preciosas; agora, uma lápide fria. *- *Aqui jaz: Amazônia, nunca mais! *- *Devolvam o corpo da Virgem!! chora o cara-pálida, *campo sagrado... resta um cemitério aos de pele amarela, *deflora a flora que implora, e a mão do carrasco executa a pena de morte, *e dela resta o tronco desnudo, e o doce Nióbio da terra. *Morte à Ela! *Era uma vez uma terra encantada... *- *Aqui jaz: Amazônia, descanse em paz! *##### *- *ELISABETH SOUZA CRUZ *SONHO SEM LIMITE *- *Pudesse a vida conservar o tom *das flores no frescor da mocidade... *Pudesse a gente ainda ouvir o som *dos passos de uma tal felicidade. *- *Não tendo o sonho mais aquele dom *de amanhecer real, a liberdade *alça vôo no infinito e, em gesto bom, *recria a nossa meiga identidade. *- *E por mais que a razão confrontadora *prenda o impulso da ilusão conciliadora *vale um sonho afrontando a sensatez. *- *Sonhar não pode ser ante um limite *e ao decoro, o sonho nega um palpite... *que à vida basta a própria rigidez! *##### *- *VAVA MAIA *SELVAGEM *- *Solidão... *Silêncio... *Seu cheiro no ar *Aguçando sentimentos *Despertando sensações. *- *Seu cheiro ronda-me *Penetra em mim *Ímpar *Transforma-me em fêmea *Louca, *Desvairada, *No cio. *- *Há uma entrega selvagem *Desmedida, *Sem limites, *Sem pudor. *- *O cheiro se vai. *E com ele, você! *##### *- *CISSA DE OLIVEIRA *POEMA A SER PAGADO *- *De repente *todas as músicas são tristes, *abafadas como o canto dos pássaros *nos dias frios. *- *As árvores parecem mais fixas, *as distâncias alargadas, *e as sombras se desdobram *atrasando o perfume *dos lírios da praça matriz. *- *Uma vertigem crespa *movimenta as superfícies das águas *e mais nada, a não ser *essa porção de espaço *entre os apaixonados. *- *E destemperada fica toda a gente, *como um poema a ser apagado *de repente. *##### *- *Sirlei L. PASSOLONGO *SE EU PUDESSE... *- *Ser vento *Tocar sua pele *Ser água *Molhar seu corpo *Ser perfume *Para lhe fazer companhia *Ser seu travesseiro *Saber dos seus segredos *Ser sua caneta *Ter-lhe entre os dedos *Ser a música *Embalar você. *Ser riso *E viver em seus lábios. *##### *- *ROSÍ FINCO *SEU NADA É MEU TUDO *- *Menino misterioso e arredio *Escreve palavras de alma nua *Que chega de mansinho e causa arrepio *Deixa-me confusa e totalmente sua. *- *Cheguei para te buscar do infinito *Levarei comigo seus segredos *Deixarei contigo meu lado mais bonito *A magia e essência dos meus medos *- *Olho seu sorriso e lembro de uma chuva mansa, *Enigmática que não traz frio *Traz o desejo de voltar a ter esperança *De deixar de ser mar agitado e ser um rio *- *Um rio tranqüilo que morrerá em seu mundo *E assim procurará nova nascente *Para do nada ser tudo. *##### *- *MARKO ANDRADE *SIMPLES CRIAR *- *Pés mão *Bola pincel *Desenhos em movimento *Menino na rua *Formas doces *Brincar e inventar *Olhar de ver *Corpo de leveza *Coração batuqueiro *Bola de meia *Inteira coração *Fácil, viver arte. *Quando brincar mundo? *Longe tempo curvo? *Feliz é a descoberta *Do simples criar *##### *- *GLORINHA POETA SOBRENOME NATUREZA *LIBERDADE *- *Liberdade! Liberdade! *Liberdade para os presos. *Vamos todos reagir *Liberdade ! Liberdade! *- *Liberdade! Liberdade! *- *Pra você, pra min, pra ele. *Liberdade pra nos presos! *Nas lembranças do passado, *Na pobreza do espírito, *No medo de se entregar. *- *Liberdade! Liberdade! *- *Para nos os prisioneiros. *Presos a comodidade da vida. *Presos a falsas ideologias. *Presos a hipocrisia. *- *Liberdade! Liberdade! *- *Para as prisões de segurança máxima. *De proteção mentirosa. *Que nos afasta de tudo. *Que nos faz desconhecer os verdadeiros valores. *- *Liberdade! Liberdade! *- *Para as mentiras cravadas no coração, *Perpetuada de geração a geração. *Que nos da luz mentirosa, *Nos prende a falsos valores. *- *Liberdade! Liberdade! *- *Tirem as correntes de nós, *Abra a porta coração, *Lava a alma da opressão, *Livra-nos de nossos temores. *- *Liberdade! Liberdade! *- *Para que possamos caminhar. *Com a alma iluminada, *O coração purificado, *Os ideais modificados, *Os caminhos destravados. *- *Liberdade! Liberdade! *- *Para todos nos vivente. *Para que possamos caminhar. *Seguindo como quisermos. *Mais com o amor resplandecido em nos, *E no caminho do verdadeiro bem. *- *Liberdade! Liberdade! *- *Abaixo os falsos valores, *Abaixo os falsos pudores, *Abaixo as falsas crenças, *Abaixo a escuridão. *- *Liberdade! Liberdade! * *Para aprendermos a cada dia, *A conhecer e amar mais o irmão. *Sem crença e burocracia, *Sem racismo e sem cobrança. *- *-Liberdade! Liberdade! *- *Libertação para nós. *Tolos de conhecimento, *Aprendizes de defesas e cobranças, *Professores de intolerância. *- *Liberdade! Liberdade! *##### *- *FABRÍCIO F. FABRETTI (Do livro Sexo, Drogas e Tralalá, Ed. 7Letras/RJ) *- *PENA DE MORTE *- *Antes de sentar na cadeira elétrica *realizou seu último pedido: *- Podem me arrumar um cigarro? *- *CONVERSA DE BOTEQUIM *- *- Drogas são ilegais. *- Algumas pessoas também. *- *O PAÍS DAS MARAVILHAS *- *- Alice, aonde você vai? *- Preciso reencontrar aquela lagarta! *- *CARTA DE SUICÍDIO *- *Favor deixar o restante dos comprimidos dentro do meu caixão, caso eu acorde. *- *FAMÍLIA UNIDA *- *O pai, alcoólatra. *A mãe, alcoólatra. *Os filhos bebiam para esquecer. *- *INSÔNIA *- *. dois... três *Carneirinhos ou pílulas? *##### *- *BRASIELLE TACHY *Rio de Janeiro, RJ *- *Quando a lua clara despida de nuvens, tomou majestosa o céu estrelado o *tilitar dos bichos da noite quebrou o silêncio. *Sombras sinistras projetavam suas formas gigantes nas fachadas dos prédios e *casas. *Um cão solitário uivava distante, bem distante, bem distante, bem *distante...como um lamento fúnebre. *E assim era aquela noite de insônia longa...Nas janelas fechadas para o *frio, que montado no vento batia nos vidros. *Encontrou a minha janela aberta, soprou em meu rosto, violento. *Então lembrei que era inverno... *##### *- *HUMBERTO OLIVEIRA *PORTO VELHO, RO *- Poesia *- *a poesia é um bem necessário *pelo menos para mim, tão sonhador *a poesia chega sem horário *a poesia não aquela que fala apenas de amor *- *é muito mais e vai além disso *a poesia está contida *no olhar, no sorrido *na flor, seja rosa ou margarida *- *a poesia não tem cor *sequer sabor ela tem *mas se tivesse faria bem *e morango seria este sabor *- *a poesia é nascimento *é saudade é loucura *surge espontânea a todo momento *seja na rua ou numa sala escura *- *devemos amar a poesia *como se ama a uma pessoa *amar abertamente a luz do dia *amar e sonhar à toa *- *não sei de faço versos *não sei se me faço entender *escrever poesia é criar universos *é um misto de dor e prazer *- *a poesia verdadeira existe *e às vezes surge da inspiração *outras vezes por estar triste *nasce direto do coração *- *mas que sei eu do poema? *do declamar ou escrever! *nisso consiste meu problema *confessor - não sei dizer *- *a poesia vem e vai *chega e fica, parte sem avisar *pelos meus dedos se esvai *e não sei se irá voltar *- *mesmo assim a solução *é simples - basta sonhar *fechar os olhos e abrir o coração *e simplesmente amar *- ##### - *- *- SELMO VASCONCELLOS, Porto Velho, RO. Poeta, cronista, contista, antologista, divulgador cultural e editor da página literária impressa semanal “LÍTERO CULTURAL”, desde 15.agosto.1991, em parceria com o saudoso amigo/irmão/escritor José Ailton Ferreira “Bahia”, falecido em 21 de setembro de 2005, no jornal Alto Madeira.Com cerca de 1450 colaboradores no Brasil e mais em 35 países. Obras publicadas (poesia e prosa): REVER VERSO INVERSO (1991), NICTÊMERO (1993), POMO DE DISCÓRDIA (1994), RESQUÍCIOS PONDERADOS (1996) e LEONARDO, MEU NETO (antologia,2004). Livretos independentes (poesia): MORDE & ASSOPRA e suas causas internas e externas (1999), DESABAFOS em memória de ROY ORBISON (2003), Revista Antológica “Membros da Galeria dos Amigos do Lítero Cultural” (2004) e poesias traduzidas para o francês, inglês, alemão, italiano, japonês, russo, grego chinês, polonês e espanhol. www.selmovasconcellos.zip.net *XXX-###-XXX *
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