ESPECIAL ? A primeira reportagem sobre o início da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
Foto: Divulgação
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*Transcrição da reportagem sobre a partida do vapor americano Mercedita dos Estados Unidos, para o início da construção da Madeira Mamoré pelo Coronel Church e o pessoal da P & T Collins:
NEW YORK HERALD - quinta feira, 3 de janeiro de 1878
*DE PARTIDA PARA O BRASIL
*SAÍDA DO PRIMEIRO VAPOR DA COMPANHIA BOLIVIANA DE NAVEGAÇÃO-OBRAS IMPORTANTES SERÃO INICIADAS NO BRASIL E NA BOLIVIA DETALHES INTERESSANTES DO EMPREENDIMENTO
*= (VIA TELÉGRAFO, ESPECIAL PARA O HERALD) =
*Philadelphia, 2 de janeiro de 1878
*"A oito minutos antes de uma hora nesta tarde, o vapor Mercedita, com William Jackaway no comando, deixou seu ancoradouro no cais de Willow Street na Philadelphia e rumou para o Pará. Uma multidão de 2.000 Pessoas gritava hurras e despedidas, enquanto os apitos soavam e as bandeiras eram abaixadas em saudação.
*A viagem desse navio representa um assunto de interesse nacional, pois é a primeira vez na história deste país que uma expedição é mandada dos Estados Unidos equipada com dinheiro, material e conhecimentos americanos para executar uma grande obra pública em um país estrangeiro. Tal obra, como todos sabem, abrangerá em primeiro lugar a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré no Brasil, e em seguida a construção de outras estradas de ferro, estradas para carroças, canais e outras benfeitorias na nação vizinha da Bolívia em escala gigantesca, tudo sob controle da Companhia Nacional Boliviana de Navegação, uma empresa de cidadãos empreendedores dos Estados Unidos, que levam deste país todos os materiais e mão-de-obra a serem usados. O Mercedita, que zarpou hoje, transporta 210 homens e uma carga de 1.050 toneladas. Entre os homens estão engenheiros, empreiteiros, trabalhadores, construtores de estradas e operários ferroviários, todos da classe mais qualificada, e a carga compreende 1.036 trilhos de ferro, 45.000 libras-peso de cobrejuntas, flanges, agulhas etc., uma lancha a vapor, locomotivas, maquinário para uma serraria, materiais de construção, 150.000 pés de madeira, suprimentos, barras e materiais de todo tipo para esta obra.
OS ENGENHEIROS
*A turma de engenheiros, ao todo compreendendo 54 homens, é considerada o contingente mais capacitado desses profissionais a ser reunido em semelhante expedição. Entre eles estão C. W. Buckholtz, assistente-chefe; Paul T. White, John Runk, Amos Hiles, C. D. Mothers, R. H. Bruce, John R. Dougherty, John Coxe, Samuel Hull, C. B. Briabin, F.H. Clements, C.A. Preston, John W Clark, Rodman MelIvain, William Morris, James M. Stewart, T. C. Maher, W. Argyle Waters, R. B. Evans, Arthur P. Herbert, E. H. Wingate, J. Howard Helsland, A.L Eltonhead, Charles Lanuette, William Lafferty, W.S. Coughlin, G. W. Creighton, Robert McCutcheon, Edward Green, James Dougherty, Frank Snyder, C. F.. Mayer, Jr. J. C. Patterson, Walter L. Euston, T. W. Rawle, Wyndham Robertson, Edward Stewart, W. H. Dellker, G. C. McKay, Frederick Lorenz, H. B. GilI, Joseph Byers, W. C. Wetherill, Nevilte B. Craig, Charles Hayden, J. S. Ward, R.K.Johnson, J. G. Vierra, Harry McKibben, John L. Secor and E. W. Kretchnan. Havia 129 trabalhadores braçais.
*Cada um dos homens que partem assinou um contrato por seis meses, concordando em descontar uma certa parcela do seu pagamento a cada semana para cobrir o custo do transporte, com o reembolso integral dessas somas no final dos seis meses.
DESTINO DO VAPOR
*Quando o Mercedita aportar no Pará, que se espera seja em 15 dias, será aliviado para que o calado se reduza a 15 pés e seguirá viagem pelo Amazonas acima por 900 milhas até Santo Antônio. Tendo sido descarregado, será novamente carregado no Pará e voltará a este porto para uma segunda carga de trilhos de ferro e para, junto com o vapor Metrópolis, que deverá zarpar deste porto em 25 de janeiro, transportar mais material ferroviário e suprimentos necessários para a construção da ferrovia.
UMA LINHA MENSAL
*Com o tempo, outros navios serão adicionados e será estabelecida uma linha mensal de vapores entre este porto e os portos sul-americanos durante provavelmente um ano, até que as 30.000 toneladas de trilhos e materiais tenham sido levadas deste país ao Brasil. Uns 200 trabalhadores selecionados partirão no próximo vapor, entre eles mecânicos, lenhadores e operários ferroviários, 150 dos quais sendo desta cidade ou deste Estado. Receberão salários de dois dólares por dia, com a garantia de pelo menos 36 dólares por mês.
NEGROS NÃO SERÃO CONTRATADOS
*Uns 70 trabalhadores adicionais teriam seguido com o Mercedita, sendo que os Srs. Collins haviam selecionado homens de cor com a certeza de que se adequariam melhor ao clima, se na última hora não houvessem sido recebidas instruções do Sr. Borges, Ministro Brasileiro em Washington, para que essas contratações fossem desfeitas. As antigas leis de escravidão ainda valem no Brasil, impedindo a introdução de trabalhadores negros livres, embora se tenha recebido indicações de que o governo brasileiro se disponha a dar um jeito nesta situação em especial, ou pelo menos a tentar fazê-la. E provável que o problema seja resolvido.
*O rebocador policial Stakely acompanhou o Mercedita rio abaixo até Chester, levando a bordo um grupo de cavalheiros ligados ao grande empreendimento."
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