O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta segunda-feira (22) que é hora de "tirar da frente as pautas tóxicas" e avançar em discussões que possam gerar consenso no Congresso - como o projeto que propõe a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil.
"É chegado o momento de tirarmos da frente todas essas pautas tóxicas. Talvez a Câmara dos Deputados tenha tido, na semana passada, a semana mais difícil e mais desafiadora. Mas nós decidimos que vamos tirar essas pautas tóxicas porque ninguém aguenta mais essa discussão", disse o presidente da Câmara em discurso no Macro Day 2025, evento do BTG Pactual em São Paulo.
"O Brasil tem que olhar pra frente, tem que discutir aquilo que realmente importa, que é uma reforma administrativa, questão do imposto de renda, da segurança pública", pontuou.
As declarações de Motta vêm em meio a uma onda de insatisfação com a Câmara, após a aprovação da chamada PEC da Blindagem. A medida restringe prisões em flagrante de deputados e senadores e só permite a abertura de investigações contra parlamentares com aval do Congresso, para limitar o poder do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele mesmo votou a favor do projeto.
Isenção do IR
Segundo o presidente da Câmara, o relatório do projeto que prevê a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil deve ser levado ao colégio de líderes nesta semana. A intenção, de acordo com Motta, é votar a proposta já na próxima.
"Essa é uma pauta importante, que trará avanços significativos do ponto de vista da justiça tributária para milhões de brasileiros. Eu tenho plena confiança de que o trabalho realizado na comissão especial poderá ser defendido e mantido no plenário", afirmou.
Motta destacou que os partidos poderão apresentar emendas e sugerir mudanças na forma de compensar a perda de arrecadação. Mas alertou que cada alteração terá impacto nas contas públicas.
"O mercado já levou em conta o que a comissão aprovou, mas qualquer mudança precisa ser feita com responsabilidade", afirmou.
Blindagem e anistia
Embora não tenha citado diretamente a PEC da Blindagem nem o projeto de anistia, Motta reconheceu que os dois temas impulsionaram o desgaste na relação da Câmara com a sociedade civil.
A votação dessas matérias, aprovadas na Câmara com apoio do Centrão e de aliados de Jair Bolsonaro (PL), ocorreu após acordo firmado em agosto, quando parlamentares promoveram um motim e ocuparam as mesas diretoras do plenário em protesto contra a prisão do ex-presidente.
O movimento culminou em uma onda de manifestações pelo país. Só em São Paulo, segundo levantamento do “Monitor do Debate Político” da USP, 42 mil pessoas foram à Avenida Paulista no domingo. No Rio, o ato em Copacabana reuniu outras 41,8 mil.