DEBATE: Decisão da Suprema Corte sobre a questão do aborto divide os Estados Unidos

Em uma decisão histórica, Justiça anula a sentença "Roe v. Wade", de 1973, e retira de milhões de mulheres a prerrogativa de escolherem pela interrupção da gravidez. Biden adverte que a saúde e a vida das norte-americanas estão em risco

DEBATE: Decisão da Suprema Corte sobre a questão do aborto divide os Estados Unidos

Foto: Divulgação

Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.​

Desde ontem, o aborto deixou de ser direito constitucional federal nos Estados Unidos. Por cinco votos a favor, três contra e uma abstenção, a Suprema Corte anulou a "Roe v. Wade", uma sentença anunciada há 49 anos que resguardava a prerrogativa das mulheres de interromperem a gravidez. Com a decisão, cada estado norte-americano terá a liberdade de autorizar ou proibir o aborto.
 
 
A revogação do direito coloca em xeque outras conquistas sociais, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "Em futuros expedientes" sobre o respeito à privacidade, "deveríamos revisar todas as jurisprudências", escreveu o juiz Clarence Thomas em nota que acompanha a decisão. Os três juízes progressistas que se opuseram à mudança da lei são  Stephen Breyer, Sonia Sotomayor e Elena Kagan. 
 
 
Poucas horas depois do anúncio da máxima instância do Judiciário, os procuradores-gerais de Oklahoma, Arkansas e Missouri assinaram uma certificação que proíbe a morte do feto. O Alabama fechou todos os centros de aborto. A governadora republicana de Dakota do Sul, Kristi Noem, declarou a ilegalidade da interrupção da gestação. Até o fechamento desta edição, mais nove estados se preparavam para criminalizar o aborto. 
 
 
Enquanto a direita conservadora e religiosa comemorava, o presidente dos EUA, Joe Biden, fazia um discurso solene em rede nacional de televisão. "Hoje, a Suprema Corte dos EUA tirou expressamente do povo americano um direito constitucional que já havia reconhecido. Eles não o limitaram, eles simplesmente o tiraram. (...) É um dia triste para a Corte e para o país", afirmou o democrata, que pediu aos cidadãos que combatam a medida nas urnas, durante as eleições legislativas de 8 de novembro. Biden acredita que somente o Congresso pode restituir o direito constitucional ao aborto, por meio de uma lei federal. 
 
 
Segundo ele, a sentença "Roe v. Wade" reafirmava os princípios de igualdade básicos, "de que as mulheres têm o poder de controlar o seu destino". "Também  reforçou o direito fundamental à privacidade — o direito de cada um de nós escolher como viver nossas vidas", acrescentou. "Agora que a Roe se foi, sejamos claros: a saúde e a vida das mulheres desta nação estão em risco."
 
 
"Foram três juízes nomeados por um presidente — Donald Trump — que estavam no centro da decisão de hoje", observou. Os três magistrados citados por Biden são Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh e Amy Coney Barrett. Também votaram contra a "Roe v. Wade" Samuel Alito e Clarence Thomas. Trump celebrou a decisão. "É a vontade de Deus", declarou à emissora Fox News. 
 
 
"Ideologia extrema"
 
 
Biden explicou que a decisão da Suprema Corte é "a realização de uma ideologia extrema e um erro trágico". "É  uma decisão tão extrema que mulheres e garotas serão forçadas a dar à luz o filho de seu estuprador", disse o presidente. A vice-presidente, Kamala Harris, enviou uma mensagem às norte-americanas. "Sei que há mulheres por aí que têm medo. Para aquelas que se sentem sozinhas e assustadas: quero que saibam que o presidente e eu estamos lutando por vocês e por seus direitos."
 
 
O pedido de revogação da "Roe v. Wade" foi feito por Lynn Fitch, procuradora-geral do Mississippi. "O dia de hoje marca uma nova era na história americana. 'Roe v. Wade' finalmente ficou para trás. Essa decisão é uma vitória, não apenas para as mulheres e as garotas, mas para a própria Corte", disse
 
 
Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, lamentou "um duro golpe aos direitos humanos das mulheres e à igualdade de gênero". Por sua vez, o ex-presidente norte-americano Barack Obama (2009-2017) e Nobel da Paz considerou que a Corte "não apenas reverteu quase 50 anos de precedente histórico, mas relegou a mais pessoal decisão que alguém pode tomar aos caprichos de políticos e idealistas —  atacando as liberdades fundamentais de milhões de americanos".
 
 
Evonnia Woods — ativista da Reproaction, ONG que aprova o direito ao aborto nos EUA — disse ao Correio que a decisão da Suprema Corte colocará fim ao acesso à interrupção da gestação em metade dos estados norte-americanos. "As pessoas poderão viajar para alguns estados, onde o aborto é legal, se tiverem meios para isso. O acesso ao aborto continuará a ser um direito humano. Fundos pró-aborto e redes de apoio continuarão a financiar o procedimento. A Reproaction seguirá a educar pessoas e a treiná-las para realizarem abortos autogeridos com pílulas. A luta pelo acesso ao aborto legal em todos os estados prosseguirá", garantiu Woods, que interrompeu uma gestação aos 28 anos. 
 
 
Por sua vez, Lila Rose — líder da ONG pró-vida Live Action — admitiu o caráter "histórico" da medida. "A 'Roe v. Wade' acabou. Crianças viverão por causa dessa decisão de reverter a ficção constitucional da 'Roe v. Wade'. Nos EUA, 63 milhões de crianças morreram nas mãos da indústria do aborto, desde que Roe restringiu a habilidade de comunidades de protegerem vidas inocentes", declarou.
 
 
Direito ao esquecimento

A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.

Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Rondoniaovivo quer saber: quantas vezes você, leitor de Porto Velho, acessa o jornal por dia?
Onde você pretende comemorar o Natal?

* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!

MAIS NOTÍCIAS

Por Editoria

PRIMEIRA PÁGINA

CLASSIFICADOS veja mais

EMPREGOS

PUBLICAÇÕES LEGAIS

DESTAQUES EMPRESARIAIS

EVENTOS