Outro exemplo citado como negativo foi o de Ônyx Lorenzoni (Trabalho).
Um parlamentar presente na reunião mencionou que Lorenzoni se preocupou em gastar dinheiro fazendo campinhos de futebol e campeonatos pelo país. Guedes concordou imediatamente, dizendo que era exatamente essa a questão, falando que havia distribuição de medalhas e de troféu [nos supostos campeonatos organizados], em vez de pensar em outras prioridades.
A Folha de S.Paulo traz também em sua reportagem que Guedes mencionou a tentativa recente de derrubá-lo do cargo (em meio à crise envolvendo o teto de gastos) e que a todo momento tentam culpá-lo pelos fracassos do governo. Nesse contexto, ele falou que "às vezes eu mesmo me pergunto o que estou fazendo aqui."
O ministro da Economia deixou claro aos presentes, ainda, que não é político, nem nunca foi, e que quem decide para onde vai o dinheiro é a Casa Civil, comandada por Ciro Nogueira (PP-PI).
Ele afirmou que é de Nogueira a ordem de colocar ou tirar recursos das pastas.
Guedes também disse que pode conversar para devolver o dinheiro cortado do Ministério da Ciência, mas especificou que não negociará com o "astronauta", mas apenas com técnicos que entendam do assunto.
Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Evair de Melo (PP) disse à Folha que Guedes não estava irritado, mas agoniado, e que suas falas foram no sentido de incentivar os apoiadores da gestão Bolsonaro.
"O ministro Paulo Guedes precisa ter execução orçamentária. A palavra não é irritado, mas agoniado. O ministro está vendo que chegou novembro e nós precisamos dar agilidade às execuções orçamentárias. É atitude de quem é responsável. O Paulo Guedes vai ser cobrado no final de ano pelo todo. Ele está fazendo o papel dele de botar pilha e cobrar dos ministros as execuções financeiras."
Slides
O titular da Economia passou uma apresentação com slides mostrando que a Ciência e Tecnologia só empenhou até o momento 59% do montante que tem.
"Existe orçamento, existe dinheiro, então não é que está irritado. Como capitão do time, ele está gritando para o time 'vamos lá, vamos lá'", completou Melo.
"A irritação dele é mais um discurso de autoestima, vamos lá, vamos virar 24h, vamos empenhar, vamos definir prioridades. É o capitão motivando o time", falou o vice-líder do governo na Câmara, em defesa de Guedes.
"O Paulo Guedes é isso mesmo: franco, objetivo, pragmático. Eu saí da reunião, como vice-líder do governo, motivado. Para quem nunca trabalhou, nunca foi de empresa privada, nunca teve que bater meta, mostrar resultado, acha que é irritação. Ele estava é pilhado para fazer as coisas"
Sobre Guedes ter chamado ministros de incompententes e o astronauta, de burro, afirmou que "isso é como time de futebol. Não tem ninguém ofendendo ninguém, não. Quem te passou isso passou em um tom jocoso e de maldade. Isso é palavra no dia a dia de uma empresa. Nós viemos do setor privado. Se alguém te passou isso, passou para achar coisa contra o governo. Em hipótese alguma. Estamos falando do mérito de um assunto. O Ministério de Ciência e Tecnologia precisa, sim, melhorar a execução financeira e orçamentária. É palavra de motivação, não é nenhuma crítica pontual. Não sei quem te passou, mas o tom do Paulo Guedes não foi esse, não. Foi tom de motivação, de 'vamos lá, tem que ter mais competência, tem que executar, o dinheiro é pouco, é escasso, então o pouco que tem é pra executar'. Em momento algum tem tom pejorativo."
Questionado sobre o termo "burro" usado na reunião, o parlamentar afirmou que "isso é Paulo Guedes, rapaz."
"Quer vencer, quer ganhar, todo mundo grita com todo mundo. Se já jogou futebol, basquete, você sabe. O capitão grita com todo mundo. 'Vamos lá, perna de pau, tá amarrado das pernas, levanta a cabeça'. Não tem ninguém ofendendo. É uma palavra de estímulo, de gás".
Evair de Melo ainda falou que o próprio Guedes se chamou de burro.
"Ele falou 'eu era um burro de política pública, de burocracia interna do órgão, era um incompetente. E aí fui estudar e ler'. Foi uma reunião informal para poder dizer da dificuldade que é, muito mais reclamando da lentidão da máquina pública, da burocracia. Não foi nada pessoal. Se alguém te passou em tom jocoso, foi com maldade para criar desavença."