Odebrecht pede R$ 3,5 bi de crédito, mas bancos só querem dar R$ 1 bi

Segundo uma fonte próxima à companhia, a intenção é pagar os bondholders para evitar fechar as portas no mercado externo

Odebrecht pede R$ 3,5 bi de crédito, mas bancos só querem dar R$ 1 bi

Foto: Reuters

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Com dificuldades para pagar suas dívidas neste ano, a Odebrecht S.A negocia um novo empréstimo com os bancos credores. As instituições financeiras só estão dispostas a oferecer R$ 1 bilhão, conforme dois banqueiros envolvidos nas conversas, mas a empresa pressiona por até R$ 3,5 bilhões.

 

Os bancos querem evitar um default da Odebrecht, mas não aceitam pagar toda a conta e insistem que a companhia também faça uma reestruturação completa de suas dívidas com os detentores de bônus no exterior. A Odebrecht resiste a essa exigência.

 

Segundo uma fonte próxima à companhia, a intenção é pagar os bondholders para evitar fechar as portas no mercado externo, mas já começaram as sondagens com assessores financeiros porque pode acabar sendo necessário.

 

As conversas com os bancos começaram no início do ano e devem se estender por mais um mês. Os principais credores do grupo são Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander, mas também há bancos estrangeiros envolvidos.

 

A Odebrecht S.A não divulga o valor de suas dívidas de curto prazo, mas o grupo tem vencimentos próximos em vários negócios: Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), Odebrecht Transport (OTP), que atua no ramo de concessões de obras, no Estaleiro Enseada e etc.

 

Em abril, a OEC, coração dos negócios do grupo, tem que pagar uma amortização de R$ 500 milhões de sua dívida. O valor não é tão alto, mas seu caixa está justo. Sem conseguir novas obras por conta da crise de reputação provocada pela Operação Lava Jato, a OEC queimou R$ 888 milhões de caixa em 2016 para continuar operando. Os dados de 2017 ainda não foram divulgados, mas as perdas prosseguiram.

 

BRASKEM

 

Para tentar obter o novo empréstimo, a Odebrecht argumenta que há espaço para mais endividamento por conta da valorização das ações da Braskem. A fatia do grupo na petroquímica, que foi dada em garantia às instituições financeiras em meados de 2016, valia cerca de R$ 9,5 bilhões. Hoje, segundo fontes da empresa, chega a R$ 14,5 bilhões.

 

Já os bancos argumentam que naquela época já injetaram muito dinheiro no grupo para salvá-lo após a prisão de antigo presidente e herdeiro, Marcelo Odebrecht. Foram R$ 7 bilhões em novos recursos para a holding, além de alongar uma dívida de R$ 10 bilhões da Odebrecht Agroindustrial, braço que atua no setor de açúcar e álcool.

 

A venda da Braskem poderia solucionar os problemas da Odebrecht, mas trata-se de uma operação delicada, por causa do complicado acordo de acionistas entre o grupo baiano e a Petrobras, que também quer vender sua fatia no negócio. A Braskem é o único negócio do grupo Odebrecht que tem bom desempenho.

 

Desde que recebeu os recursos adicionais dos bancos em 2016, a holding vem vendendo ativos para pagar as dívidas. O principal deles foi a Odebrecht Ambiental, braço de empresas de saneamento do grupo, que foi repassado para a canadense Brookfield por R$ 2,9 bilhões.

 

Segundo fontes da empresa, até agora já foram apurados R$ 7 bilhões a venda de ativos, mas a meta é conseguir R$ 12 bilhões. Os compradores estão inseguros, porque o grupo ainda não fechou acordos de leniência com vários dos países em que atua.

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