O reforço na demanda pelas viagens por terra fica patente nos sites de vendas de passagens. Até novembro, o RodoviariaOnline registrou aumento nas vendas de 19,5% em relação ao mesmo período de 2015. No último trimestre, que já inclui as vendas para as fe
Foto: Divulgação
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As vendas de passagens de ônibus ganharam um impulso extra neste fim de 2016. A alta dos preços das passagens aéreas é um dos principais motivos, mas não o único: os feriados de Natal caindo em dois finais de semana – o que encurta as folgas de quem continua a trabalhar – e a crise econômica do país ajudam a explicar o fenômeno.
O reforço na demanda pelas viagens por terra fica patente nos sites de vendas de passagens. Até novembro, o RodoviariaOnline registrou aumento nas vendas de 19,5% em relação ao mesmo período de 2015. No último trimestre, que já inclui as vendas para as festas de fim de ano, a alta foi de 18%.
Segundo o diretor comercial da empresa, Nilton Sklaski, os números superaram as estimativas. “A gente não esperava esse volume por causa do momento que o Brasil vive”, diz. O RodoviariaOnline calcula que fará 400.000 vendas até o final do ano.
O Clickbus, outro site do ramo, espera um aumento de 300% nas vendas de passagens para o período entre 23 de dezembro e 2 de janeiro – os números incluem o aumento de demanda, mas também o resultado de sua fusão com outra empresa de passagens, a J3, ocorrida em setembro.
Para Fernando Prado, cofundador e um dos presidentes da empresa, a alta na procura indica clientes em busca de economia – o que fica evidente na antecipação da compra em relação às datas das viagens. Explica-se: no ano passado, os clientes compraram passagens oito dias antes do embarque, em média; neste ano, a média subiu para catorze dias.
“Muitas das nossas vendas da Black Friday foram para o fim de ano”, diz Prado. O site estima fechar o ano com 2 milhões de bilhetes vendidos.
Uma passagem de ônibus entre São Paulo e o Rio de Janeiro, destino mais procurado para quem sai da capital paulista, saía por cerca de 180 reais (entre os dias 23 e 25, em ônibus convencional) se fosse comprada na última segunda-feira. Nessa mesma data, os bilhetes aéreos para o mesmo trecho saíam por pelo menos 300 reais.
A demanda por voos domésticos caiu 6,3% em outubro no acumulado do ano, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgados em 1º de dezembro. A demanda menor não tem impedido as habituais altas de preços de fim de ano. Na segunda prévia de dezembro do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), indicador de inflação medido pela Fundação Getulio Vargas, as passagens aéreas foram o item com a maior alta: o avanço dos preços foi de 27,05%.
Viagem curta
O Decolar.com vende passagens aéreas e, há cerca de um ano, de ônibus também. A empresa não divulga números, mas estima que o crescimento nesse segmento é na casa de dois dígitos. O gerente para o Brasil, André Alves, atribui o bom resultado na reta final do ano à característica dos feriados. “Neste ano, não tem aquele período de emenda”, diz.
Os executivos dos sites relatam que o fato de as festas de dezembro estarem divididas em dois finais de semana – tanto o Natal quanto o Ano Novo cairão em domingos – faz muitos clientes optarem por fazer duas viagens curtas para visitar familiares, em vez de uma mais longa, que inclua as duas datas. O percurso médio para este ano está em cerca de 400 quilômetros.
O aumento da procura por passagens de ônibus não significa que o número de pessoas viajando de avião esteja em queda na mesma proporção. “A procura por passagem aérea no fim do ano é tradicionalmente forte”, diz Luiz Eduardo Falco, presidente da CVC, a maior agência de viagens do país.
O que tem mudado neste ano, segundo ele, é o destino dos passageiros: com o dólar a 3,40 reais, mais gente tem procurado voos para o exterior em relação a 2015. Na CVC, as vendas de bilhetes aéreos para voos nacionais correspondem a 68% do total neste fim de 2016; as de internacionais, a 32%. No ano passado, com o dólar em torno de 4 reais, a proporção era de 80% e 20%, respectivamente.
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