Vexame da Vila Olímpica expõe vícios da corrupção

Nos bastidores do vexame que expôs ao mundo as precariedades dos prédios estão as suspeitas de corrupção investigadas pela operação

Vexame da Vila Olímpica expõe vícios da corrupção

Foto: Divulgação

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Ao que tudo indica, a brigada de eletricistas, encanadores e pessoal de limpeza convocada às pressas para pôr ordem na Vila Olímpica deu conta do recado. Em quatro dias, cessaram as reclamações das delegações que, aos poucos, vão ocupando os 31 prédios, a começar pela da Austrália, a primeira a gritar contra as condições dos alojamentos. Mas afinal como aconteceu de prédios novinhos, construídos especialmente para abrigar mais de 15 000 atletas, treinadores e dirigentes, terem apartamentos inabitáveis? E como ninguém reparou nisso antes?

Apuraram que o enredo do vexame mistura erros, desentendimentos, atrasos e jogo de empurra, alguns praticados desde 2012, quando a Vila começou a ser erguida. Por cima de todas as falhas pairam, de um lado, formidáveis lances de incompetência do consórcio Ilha Pura, responsável pela obra, e, de outro, o comportamento leniente do Comitê Rio 2016 na fiscalização do projeto — com o componente extra da Operação Lava-Jato, que afetou finanças e levou ao afastamento de cabeças do projeto. Se havia dúvida de que os vícios da corrupção poderiam atrapalhar a Olimpíada, não há mais.

VEJA TAMBÉM: Prédio da Austrália na Vila Olímpica é evacuado após incêndio

As duas pontas, Lava-Jato e Vila, se encontraram em março, na 26ª fase da operação, com a prisão de dois diretores da Odebrecht Realizações (OR), sócia da construtora Carvalho Hosken no Ilha Pura. Paul Elie Altit, presidente da OR, e Antonio Pessoa Couto, diretor-superintendente e porta-voz do empreendimento, tiveram seu nome ligado a um pagamento de 1 milhão de reais que a polícia suspeita ser propina. A obra na mira da PF não era a Vila Olímpica, mas um prédio empresarial que a mesma OR, o braço imobiliário da Odebrecht-mãe, está erguendo na Zona Portuária do Rio.

Os dois diretores detidos foram liberados quatro dias depois, mas não voltaram a ocupar seus cargos. Assim, posições cruciais tiveram de ser substituídas na reta final de acabamento da Vila Olímpica — e com a Odebrecht transformada em só­cia-pro­ble­ma, dadas as dificuldades que passou a enfrentar por seu envolvimento no petrolão.

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