Policiais civis mataram professor de jiu-jítsu sem motivo, diz testemunha

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Foto: Divulgação

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A principal testemunha do homicídio do professor de jiu-jítsu Alexsandro do Nascimento, 41, morto por policiais civis na madrugada de quinta-feira (6), afirma que ele foi assassinado brutalmente, sem nenhuma razão.
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Reprodução
O professor de jiu-jítsu Alexsandro Nascimento, 41
Segundo ela, os três policiais do Garra (grupo de elite da Polícia Civil) que atuaram na ação mentiram ao dizer que o professor estava com drogas e que atirou contra eles.
A jovem, de 17 anos, que pediu para não ser identificada, disse que estava conversando com Nascimento e outras três pessoas, quando os policiais chegaram ao beco do cortiço onde a vítima morava, no Cambuci (região central).
Temendo represálias, ela afirmou que ainda não sabe se vai se apresentar à polícia para dar esclarecimentos. Disse que, na ação, levou uma coronhada na cabeça.
"O policial já chegou derrubando ele brutalmente. Mandou ele botar a mão na cabeça e disse: 'Você não é trabalhador, é traficante, você tem passagem'. Também pisou na cabeça dele", relatou a adolescente à Folha.
De acordo com ela, Nascimento levou o primeiro disparo ao correr para se proteger.
"No primeiro tiro, Sandro tentou se esquivar. O segundo só pegou de raspão. No terceiro, ele caiu no chão, de bruços, e o policial deu mais três."
Segundo a polícia e o hospital onde ele foi atendido, o lutador morreu com três tiros.
Como há a suspeita de atuação irregular dos policiais, o caso é investigado pelo DHPP (departamento de homicídios) e pela Corregedoria da Polícia Civil. Os policiais foram afastados das ruas e farão apenas trabalhos administrativos enquanto durar a investigação.
Nascimento não tinha antecedentes criminais, conforme a Secretaria da Segurança Pública.
CADÊ A MENINA?
A polícia tenta localizar a testemunha desde o crime. Ela diz que se salvou porque uma moradora do cortiço a puxou para dentro de casa logo após a morte do amigo. "Escutei um policial gritando: cadê a menina? Tem que pegar ela!"
Foram os próprios policiais do Garra que levaram o lutador baleado para o hospital. Segundo a família, ele deu entrada como indigente. O médico que o atendeu, conforme o DHPP, encontrou 52 pinos de cocaína no bolso da roupa do paciente.
Ana Cristina do Nascimento, 42, irmã da vítima, duvida dessa versão. Ela diz ainda que só recebeu a roupa do professor e reclama do sumiço de relógio, celular e documentos que estavam com ele.
O corpo de Nascimento foi enterrado ontem. Ele era separado e tinha duas filhas.
OUTRO LADO
A Secretaria da Segurança Pública informou que o DHPP e a Corregedoria da Polícia Civil estão investigando o caso.
Em nota, o órgão afirmou que, se comprovado que os policiais civis envolvidos na ocorrência mentiram, eles serão processados criminal e administrativamente.
Quando questionado sobre o caso anteontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que, caso sejam constatadas falhas por parte do delegado e dos dois investigadores envolvidos no caso, eles serão punidos.
A secretaria disse que a polícia apreendeu uma arma e 52 pinos com droga com Nascimento. Os produtos foram levados pela perícia técnica.
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