*A forte chuva que caiu na cidade na última sexta-feira (19) fez com que muitas famílias do Campos Sales (zona norte) perdessem suas casas. Um deslizamento de terra soterrou parte de duas casas da rua Bagdá. Ninguém ficou ferido, no entanto o desespero tomou conta dos moradores, que tiveram que guardar o pouco que sobrou de seus móveis em casas de vizinhos.
*O deslizamento do barranco levou consigo árvores, lixo e toneladas de barro. A casa da funcionária pública Goreth Alves Brito, ficou parcialmente soterrada. O incidente aconteceu por volta das 19h de sexta-feira, enquanto ela estava na casa de uma vizinha. "Graças a Deus eu não estava em casa no momento do desabamento. Não tenho mais onde ficar. Moro aqui há quatro anos e nunca imaginei passar por essa situação. Espero que a Defesa Civil tome alguma atitude mais objetiva e nos retire daqui o mais rápido possível. Não adianta dizer que eu tenho que sair e não me dar nenhuma alternativa", desabafou.
*Às três horas da madrugada de ontem, os moradores da região passaram por mais um susto. Um outro deslizamento atingiu de maneira ainda mais grave a casa do industriário Marcelo Ferreira, 32, vizinho da primeira casa soterrada. O barro atingiu um metro de altura e atingiu todos os cômodos da pequena casa. "Tivemos tempo apenas de salvar as crianças. Ficamos na rua por horas, esperando a ajuda de algum vizinho. Quando eles perceberam a situação, vieram nos ajudar", explicou. Marcelo disse que ficou bastante apreensivo com o primeiro deslizamento, mas acreditava que sua casa não seria atingida. "Quando vi a casa da minha vizinha sendo soterrada fiquei bastante nervoso, mas não podia imaginar que fosse acontecer comigo, e de maneira ainda mais grave. Não sei como vamos fazer daqui pra frente", lamentou.
*A situação ficou ainda mais grave na rua Cairo, no mesmo bairro. O deslizamento começou dali, colocando muitas casas em risco de desabamento. Rachaduras tomaram conta de toda a casa da professora Patrícia Almeida de Lima, 30. "Não ouvi o desabamento, pois o barulho da chuva e dos trovões estava muito alto. Quando acordei, parte da minha casa já estava lá embaixo. A Defesa Civil disse que temos que sair o mais rápido possível, mas não temos para onde ir. A casa de parente já é pequena e cheia de gente, não podemos ir com uma família inteira pra lá", falava, enquanto seu filho, o pequeno Jonathan, chamava pela mãe. "Mãe, vamos logo para a casa do titio. Estou com medo de ficar aqui", falava, amedrontado.
*A Secretaria Municipal de Defesa Civil (Semdec) esteve no local logo após os dois deslizamentos, mas informou que nenhuma medida pode ser tomada enquanto a chuva continuar na região. A possibilidade de demolição da casa que está mais próxima ao barranco não foi descartada. A demolição será definida após a avaliação dos técnicos da secretaria, mas o risco iminente de desabamento impede que o trabalho seja executado.
*Luiza Sena não teve a casa atingida, mas ficou amedrontada com o risco de desabamento naquela área. "Fiquei surpresa com a rapidez desse desabamento. Ontem (sexta-feira) estava tudo tranqüilo, e no sábado as casas estavam todas rachadas", disse.
*Denúncia
*Alguns moradores afirmaram que já sabiam que isso acontecer , devido à maneira "estranha" que as máquinas contratadas para fazer a pavimentação das ruas estavam atuando. "Isso aqui se tornou uma área de risco por causa dos funcionários dessas empresas. Eles estavam agindo de maneira ilegal. Além de não fazer o trabalho que teriam de executar, estão cavando buracos nos barrancos para vender o barro. A culpa do acidente é deles", garantiu o operador de máquina Rômulo Araújo, 27.