A produção leiteira de Rondônia é um grande gerador local de emprego e renda. Os produtores estaduais colocaram o estado como o maior produtor de região Norte e como o sétimo em todo país.
A importância social dessa atividade é tão grande em Rondônia que metade das propriedades rurais no Estado a praticam. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em torno de 80% dos produtores de leite estaduais são de base familiar. A produção média é de 67 litros diários por propriedade, com uma produtividade diária de 4,4 litros por vaca.
Apesar de pujança, o setor leiteiro rondoniense passa por uma crise, que está colocando produtores e laticínios em lados opostos. Isso levou a uma série de protestos por parte dos produtores nos últimos dias, reivindicando melhores preços para o produto.
Leite jogado na rua
Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver litros de leite sendo jogados em estradas ou distribuídos de graça para a população. O objetivo é chamar a atenção para as dificuldades que estão atravessando.
No distrito de União Bandeirantes, em Porto Velho, os produtores afirmam que estão recebendo R$ 0,80 por litro de leite entregue aos laticínios. Eles estão preferindo dar o produto para os bezerros ou entregar para a população a vender para os laticínios.
Durante a última semana, os produtores do distrito de União do Bandeirantes, na capital, jogaram leite na rua como forma de protesto pelo baixo preço
Uma agricultora que também tem no leite uma das suas fontes de renda, contou que produz 30 litros por dia, mas no tanque onde coloca o produto dela e de outros produtores, são entregues todos os dias 500 litros de leite para o laticínio.
Segundo ela, essa reinvindicação por melhores preços começou desde o ano passado, quando os laticínios concordaram em dar um aumento no valor pago aos produtores. “No ano passado, pagavam R$ 1,00 por litro, depois, baixaram para R$ 0,80. Fizemos uma greve e subiram para R$ 1,60. Agora, sem consultar os produtores baixaram para R$ 1,00 e já comunicaram que no próximo mês, o valor ser de R$ 0,80”, disse.
Revolta
A revolta com os preços praticado no setor também atingiu os produtores da região do Vale do Guaporé, que é formada pelos municípios de Costa Marques, São Francisco do Guaporé, São Miguel do Guaporé e Seringueira.
Na região, o movimento dos produtores começou no último dia 26 e entre as reivindicações estão: preço mínimo no rodapé da nota, pagamento no dia 20 e um preço de referência pelo litro do leite que seja válido para todo o Estado.
Produtores de leite tem se reunido para continuar o movimento de paralisação
Um dos produtores que está encabeçando o movimento no Vale do Guaporé é Marcos Paulo. Ele disse que os produtores estão sendo injustiçados pela política de preços praticada no Estado. “90% dos produtores estão recebendo R$ 1,20 por litro, sendo que alguns só R$ 0,80 por litro. Queremos um preço referência para o estado inteiro”, disse.
Marco afirmou que um preço mínimo para o litro do leite, que proporcionaria um certo lucro para quem produz seria entre R$ 1,60 e R$ 1,80. Ele contou que os manifestantes também estão revoltados com a posição da Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri).
“Não existe o preço, porque o secretário da Seagri, Evandro Pandovani, não fez o cálculo. Faz um ano que esperamos calcularem o preço de referência. Queremos que o Governo de Rondônia trabalhe, aja e faça valer a lei”, acusou.
Alguns participantes temem que o movimento se radicalize pois, alguns produtores querem parar o movimento e outros não
O produtor fez um alerta de que o movimento pode pegar um viés de violência. “Alguns produtores querem voltar a fornecer para os laticínios e outros não. Isso pode gerar conflito entre eles. É uma bomba armada”, declarou.
A Assessoria de Comunicação do Governo de Rondônia foi procurada pelo Rondoniaovivo para saber qual a posição do Estado. Foi informado que o secretário da Seagri, Evandro Pandovani, tem uma reunião marcada com o governador Marcos Rocha, nesse final de semana, para tratar, exclusivamente, desses protestos dos produtores de leite rondonienses.