Afronta à sociedade

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Soou como provocação à sociedade o reajuste dos salários que os deputados de Rondônia se auto concederam no apagar das luzes de 2018. Chega a ser até difícil encontrar adjetivo ou substantivo para qualificar esse tipo de comportamento, sobretudo neste momento difícil por que passa o país, quando muitos vivem na corda bamba e outros tantos não têm sequer o que comer.

 

Não é o aumento em si, mas, sim, o histórico acumulado pelos parlamentares. Somente nesse mandato que se encerra, as lembranças do desempenho são negativas. Há exceções, é verdade. Mas elas são pouquíssimas e, por isso mesmo, acabam sendo atropeladas pelo rolo compressor dos seguidores da cartilha do “Mateus, primeiro os meus”. Prevaleceu, no final das contas, o pior do corporativismo, porque na defesa dos seus interesses, os ditos representantes do povo, mandaram às favas outros prejuízos que essa postura provoca.

 

Por que o reajuste salarial? Por que dobrar os subsídios dos nobres deputados? É um direito ou um privilégio? Não custar lembrar, contudo, que, afora os polpudos salários, os parlamentares dispõem de um rosário de mordomias. Quando se trata de conceder um mísero reajuste salarial a maioria dos servidores públicos, sempre aparece alguém para dizer que “a lei não permite”, mas, quando os beneficiários são os chamados cidadãos de primeira classe, aí não há restrições, tudo é permitido. Depois essa gente reclama quando a sociedade vai às urnas e diz um sonoro não às suas pretensões continuístas.

 

A distância que separa os salários pagos às autoridades da República do menor salário do país é uma denúncia escancarada da injustiça oficializada. A sensação experimentada é a de que esse não é um aumento legitimo e justo. Pode até ser legal, mas é imoral. Trata-se de uma afronta à sociedade.

 

Será que os representantes do povo fazem jus a esse reajuste? Pelo que se sabe, há um déficit grande em relação aos compromissos que deveriam ter sido honrados e que não honraram. A decisão tomada ofende a maioria da população rondoniense e ignora a exigência, anunciada, de que é preciso cortar gastos. De quem? Se os que deveriam cortar são os primeiros a se auto concederem reajustes salariais.

 

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