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(*) Valdemir Caldas
Depende. Para Deus, nossa vida vale muito. Tanto que Ele deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16). Para alguns, porém, a vida vale uma dose de cachaça, num boteco de quinta categoria, ou ainda um par de tênis, ou ainda um celular, ou quem sabe algumas moedas.
Podem me chamar de saudosista, mas tenho saudade dos tempos daquela Porto Velho bucólica em que se podia dormir com as janelas abertas para aproveitar o vento das madrugadas frias de uma cidade arborizada e cordial.
A capital de Rondônia continua traumatizada pelo assassinato de uma jovem de 18 anos, na madrugada de segunda-feira, 13, ao lado de uma quadra poliesportiva, na Avenida Mamoré, Bairro Esperança da Comunidade, Zona Leste de Porto Velho, simplesmente por que se teria negado a entregar seu celular, fruto do crescimento da violência, do desatino entre algumas camadas que compõem à população e, principalmente, da ausência de Deus no coração de certas pessoas.
Não que a morte da jovem que perdeu a vitima por causa de um aparelho celular, seja um acontecimento diferente e, por isso mesmo, merecedor destas considerações. Diariamente, em todos os bairros e por qualquer motivo, muitas vezes de uma irracionalidade, que se torna inexplicável a sua explosão, vidas são ceifadas no altar da crueldade, privando-se famílias da presença dos seus chefes e condenando-se crianças ao desamparo de um futuro incerto, revela, apenas, o apodrecimento de alguns segmentos sociais, que, embrutecidos pelo simples desejo de matar, investem contra pessoas, em sua maioria, indefesas, como bactérias mortíferas que infectam um corpo humano, num esforço para leva-lo à morte.
O que revolta, no caso da jovem do Esperança, cuja esperança de um futuro promissor foi-lhe brutalmente retirada, é a motivação do ato. Nem de longe imagino o que se passa nas mentes dos cientistas sociais sobre as razões determinantes da selvageria que se abateu sobre a capital portovelhense, mas, como cidadão, falo que não é possível assistir as mortes de inocentes sem reagir, porque isso foge ao bom-senso. Se as autoridades responsáveis pela segurança da população não têm a cura para o cancro social, que se use contra ele o ferro quente da cauterização, que, conquanto doloroso, pode salvar a vida do paciente.
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