Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.
A crise na sucessão estadual está fervilhando. Pelo menos no que se ouviu nessa segunda-feira, as coisas estão muito mais complicadas do que se imaginava. O acordo entre o governador Confúcio Moura e seu vice, Daniel Pereira, foi definitivamente rompido, ao ponto de Confúcio não só avisar que fica até o fim do mandato, abrindo mão da disputa ao Senado, como ainda fazer voltar atrás nomeações que teriam sido pedidas por Daniel e que recém foram feitas. Duas delas seriam vitais para o projeto do vice, que assumiria o Governo no início de abril: no DER e na Polícia Militar.
O rompimento está confirmado, embora Daniel Pereira afirme com todas as letras que não houve qualquer discussão com Confúcio e que todas as medidas tomadas no Governo, a pedido dele, Daniel, foram acertadas, “inclusive nas vírgulas”, com o Governador. “Não sou louco em propor qualquer coisa que não tivesse o aval do governador Confúcio Moura. Jamais faria isso”, afirmou Daniel, dizendo-se surpreso com a crise que surgiu no final de semana. Mas outras fontes dizem que houve sim uma discussão entre ambos, o que teria irritado Confúcio.
Além disso, o Governador está sob tremenda pressão do MDB, seu partido e teria até negociado sua ida para o DEM, depois de uma longa conversa com o presidente regional da sigla, o deputado federal Marcos Rogério, de Ji-Paraná. Há verdade nisso? A reunião com Marcos Rogério sim, mas todo o resto, ao menos por enquanto, é ilação. Confúcio teria decidido ficar no Governo até o final e não concorrer ao Senado, embora na terça de manhã mesmo, tenha postado um texto destacando a realização do grande evento de informática que o Estado abrigará, com o seguinte texto: “Agosto será o nosso grande evento” (referindo-se à feira Campus Party, sobre Informática e tecnologia). Ele prosseguiu: “não estarei mais no Governo, mas fica a obra!”. E agora?
A verdade é que a pressão sobre o Governador tem sido impressionante. Seus companheiros do MDB estão exigindo que ele mantenha apoio a Maurão de Carvalho, o nome do partido ao Governo. Os emedebistas sabem que, caso Confúcio deixe o poder para concorrer ao Senado, Daniel Pereira e seu grupo político assumirão, com o vice saindo em grande vantagem na disputa pela sucessão estadual. É tudo isso que está em jogo, nesse momento complexo da vida rondoniense. Tomara que, no final das contas, seja qual for o resultado de tudo isso, que Rondônia não saia perdendo.
O CASO DA CPI DA PONTE
A crise envolve outros interesses. Há uma CPI prestes a ser criada na Assembleia, sobre denúncias de pagamento ilegal de 30 milhões da obra de uma ponte em Ji-Paraná. Falta apenas uma assinatura para que a ela comece e, mesmo que nada seja concreto ainda e ela demore para provar seja o que for ou não prove nada, só o evento político seria um grave prejuízo à imagem do Governador e seu Governo. A decisão de criar ou não a CPI está nas mãos do presidente da Assembleia, Maurão de Carvalho. Mas, além das questões de imagem, tem outro problema mais grave.
Se a Comissão de Inquérito for criada, depois dela Confúcio não poderá renunciar, porque se o fizer ficará automaticamente inelegível. Ou seja, a situação do comandante do Estado está extremamente difícil. Ao mesmo tempo, o grupo palaciano considerou que Daniel teria exagerado nas suas movimentações e que Confúcio deveria romper os acordos feitos com ele, por todo o quadro que se criou. Mas, não importa o que aconteça, Daniel será candidato ao Governo. Ou seja, a coisa complicou muito. Isso sem falar na boataria que cerca todo o contexto desta disputa que não se sabe como acabará. O jogo de xadrez, com alguns lances muito duvidosos, recém começou!
DOIS CONSTRANGIMENTOS
Claro que o assunto na política estadual continua sendo o rompimento do governador Confúcio Moura e seu vice, Daniel Pereira. Depois que o caso fervilhou no final de semana, as proporções se ampliaram, transformando-se em algo nunca visto na política rondoniense, por seus eventos inéditos. Segunda pela manhã, dois decretos do governador Confúcio Moura começaram a ser cumpridos. O primeiro foi no DER. Josafá Marreiros não esquentou na cadeira, ele tinha sido nomeado a pedido de Daniel Pereira,, assumiu no meio da semana passada e nesta segunda foi defenestrado. Em seu lugar assumiu Celso Coelho, indicação pessoal de Confúcio. Ezequiel Neiva não volta para o posto, porque é candidatíssimo a deputado e já está em campanha. O segundo evento foi na Polícia Militar.
O coronel Mauro Flores também nem conseguiu reunir a tropa uma só vez, além da solenidade da posse há cinco dias atrás. Confúcio determinou a volta do coronel Ênedy Dias (que foi o comandante por mais de dois anos) ao posto que recém deixara. Ele saíra porque Daniel Pereira queria mudar a forma de ação da PM, com o coronel Mauro à frente. Ou seja, dois importantes servidores públicos foram expostos a uma situação lamentável e constrangedora, sem que tenham pedido, por uma briga política que ambos nada têm a ver. É o lado mais lamentável da crise!
“SÓ VOLTO EM ABRIL”!
Enquanto os reais motivos do rompimento ainda não estão claros, há apenas indícios, comentários, boatos e ilações. Algumas delas são conversas correntes nos meios palacianos. Uma: Daniel teria exagerado ao pedir que alguns secretários deixassem seus cargos imediatamente. Outro: um ofício vindo da Vice Governadoria, teria decidido pela troca de comando da Polícia Militar, o que tinha sido conversado entre o Governador e o vice, mas que deveria sair como decisão palaciana e de ninguém mais. O terceiro vozerio que se soube, entre alguns assessores de Confúcio é que a gota d´água dos problemas surgidos entre ambos, teria sido um gesto de Daniel que Confúcio não aceitou.
O vice, no meio do debate sobre como as coisas deveriam acontecer até a sucessão, não teria gostado de algumas coisas e avisado ao Governador que iria sair dali e só voltaria para a posse, em 5 de abril. Claro que não se sabe se tudo isso é real ou apenas combustível para a boataria que se formou, depois do rompimento. Daniel continua afirmando que nunca discutiu com o Governador e que, na última conversa, normal, segundo ele, Confúcio teria lhe dito que iria renunciar em 12 de março (segunda-feira próxima) e não em abril. Só a História contará toda a verdade sobre tudo o que aconteceu.
VOLTA TUDO AO QUE ERA
Várias outras exonerações de pessoas ligadas a Daniel Pereira já começaram a ser feitas nesta segunda. A lista é grande e ainda nesta terça, novos decretos governamentais devem mudar a equipe que recém estava assumindo seus postos e que iria trabalhar com Daniel Pereira. Confúcio Moura viajou para Brasília e Rio, mas antes deixou uma série de determinações, além de ordens expressas, segundo se soube nos entranhas palacianas, para que toda a estrutura da equipe que comandava até a semana passada, seja recolocada exatamente onde estava. Daniel Pereira tentou um encontro com Confúcio ontem à tarde, mas o Governador já tinha viajado, para cumprir agenda nas duas Capitais e eles não se encontraram. Enquanto isso, o vice viaja para Angola, no próximo dia 18, um domingo e só volto uma semana depois. Quando retornar, o clima estará menos tenso? Confúcio poderá repensar sua desistência momentânea de disputar o Senado? Reabrirá algum tipo de diálogo com seu vice ou vai mantê-lo tão distante quanto o Sol da Lua? A novela da sucessão estadual está tendo seus dias mais tensos e cheios de suspense. Não percam os próximos capítulos, aqui mesmo, nesse Bat Canal!
CONFÚCIO FICA COM O MDB
No meio da tarde desta segunda, nova informação de fonte segura garantia duas coisas: Confúcio não vai mais renunciar ao mandato e continuará à frente do Governo até o fim; Confúcio não sairá do MDB. Vai apoiar Maurão de Carvalho, com todo o seu prestígio, além de tirar a pressão de cima de Valdir Raupp. Ambos terão o apoio do Governo, de toda a estrutura do MDB, além de seus aliados. Raupp fica mais tranquilo, para disputar mais uma vez, uma cadeira para o Senado. Tudo mudou, em questão de horas, causando o rompimento de um acordo que parecia ser sólido, mas, como diria Raimundo Corrêa, era apenas um conjunto de folhas soltas, “abrigo ilusório dos viajantes”, durante a tempestade.
Já Daniel Pereira ainda não definiu claramente seus próximos passos. Mas já decidiu que vai sim ser candidato ao Governo, em parceria com o PDT e tendo como candidato ao Senado, a princípio, apenas o prefeito de Ji-Paraná, Jesualdo Pires. O MDB, com toda a sua força política, conseguiu o que queria: vai entrar no processo sucessório unido em torno de um candidato (Maurão de Carvalho) e com chances reais de eleger um senador. Já a turma de Daniel Pereira parte para a oposição. Vamos ver no que vai dar.
AINDA VEM MUITO POR AÍ!
O caso da sucessão estadual e de tudo o que aconteceu na segunda-feira vai ter novos capítulos, sem dúvida alguma. Grupos ligados ao vice governador e ao seu grupo político, estariam preparando uma reação muito forte a tudo o que aconteceu nas últimas 72 horas e que mudou todo o quadro. Começaram a percorrer redações, desde o final da tarde desta segunda, algumas informações não confirmadas, por anônimas, insinuando questões não republicanas envolvendo a permanência do Governador no cargo. Não se pode dizer nada mais que isso, mas a situação é muito complicada.
O confronto é entre grupos muito poderosos e os interesses em jogo são do tamanho do Estado de Rondônia. De um lado, o grupo do MDB e seus membros, com os projetos de manter o Governo e, ainda, fazer um senador e pelo menos dois deputados federais. De outro, o grupo do PSB e do PDT, uma aliança também forte, que quer tomar o poder das mãos dos emedebistas. É o que se chama de “briga de cachorro grande”. E os meios para ganhá-la, muitas vezes, são aqueles que atingem o adversário abaixo da linha da cintura. O jogo é pesado!
PERGUNTINHA
Essa é capciosa: com quem você ficaria se fosse amigo de Confúcio Moura e de Daniel Pereira e tivesse que escolher um lado?
A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.
Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!