Momento Lítero Cultural - Por Selmo Vasconcellos

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ENTREVISTA HISTÓRICA com IVY MENON

 

IVY MENON – Maringá, PR – Entrevista  - 13 de abril de 2018.

1ª participação: 16.Dezembro.2005 – Página Impressa Lítero Cultural nº 753, com a poesia “Sou tímida”.

 

MINI CURRÍCULO

Caipira. Matuta. Chapéu atolado. Vovozinha especialista em bolinhos de chuva.

Boia-fria até os vinte anos. “Foca” em pequenos jornais, alguns anos. Aprendiz de adulador nas assessorias de imprensa, especialmente quando chefe.

Ivy Menon nasceu Ivanilda Maria Menon, no inverno de 1958. Último dia de Agosto. Cresceu a_gosto de Deus. Livre pelos matos do Noroeste. Perdida no meio dos cafezais do Norte Velho, do Paraná. Passou fome. Muita fome. De letras, inclusive. Foi escrava rural. Hoje, tem sua cama no verde das araucárias. Faz frio, em Rio Negro-Pr, por isso, tem cobertas feitas de versos e afeto dos netos.

Já fez parte de Academia de Letras. Venceu-se em algumas competições que a vida lhe apresentou. De Poesia, inclusive. Ouve o rugir do Vento e segue a Sua voz. Cristã. Crentona. Dizem que deveria advogar. Prefere filosofar. Teologizar. E Poetar, antes e sobre_tudo.

 

SELMO VASCONCELLOS - Quais as suas outras atividades, além de escrever?

IVY MENON –Moro no meio do mato. Perto de filhos e netos. Vivo para eles, que são prioridade absoluta. Ajudo a escrever a vida deles. Depois faço versos, contos, artigos filosóficos e jurídicos. Mas, escrevo apenas e somente quando eles estão fartos de abraços. Motorista particular, cozinheira e contadora de história, além de advogada de defesa exclusiva dos netos.

 

SELMO VASCONCELLOS - Como surgiu seu interesse literário?

IVY MENON –Nasci preguiçosa e desajeitada para esporte, dança e educação física, de modo geral. Sou só canelas que tropeçam em quinas. Então, na pré-adolescência, fugia do horário do recreio e das aulas de handebol. Descobri ser a biblioteca do colégio, um excelente esconderijo. E li todo o acervo. Não era muito grande, confesso, mas foi o suficiente para me seduzir para as letras, para sempre.

Logo que saí do trabalho na roça, virei foca no jornal “O Diário de Maringá”. Depois, jornais e assessorias de imprensa, em Mato Grosso do Sul. E Seção de Imprensa, do TRT, em Cuiabá. As letras me perseguiam. Aprendi, desde cedo, dizer sim a elas.

Dizem que tenho cara de sim.

 

SELMO VASCONCELLOS - Quantos e quais os seus livros publicados?

IVY MENON –Apenas um. Flores amarelas, prêmio pelo primeiro lugar em um concurso de poesia, em 2006. Embora tenha sido uma experiência maravilhosa e única, arrependo-me muito de tê-lo publicado. Não tinha maturidade para publicar, creio. Há sabedoria em ser poeta de gaveta, às vezes. Ao menos até ter condições de avaliar se vai acrescentar beleza, alegria e desafio para novos olhares e pensares. Publica-se também imaturidade, por vaidade ou por falta de noção. Creio que me enquadrei nos três casos. Que coisa, hein? Rsrsrsrs Amava pendurar poemas em varais!

 

SELMO VASCONCELLOS - Qual (is) o(s) impacto(s) que propicia(m) atmosfera(s) capaz(es) de produzir poesias?

IVY MENON –A vida. A dureza do coração do homem. O sofrimento. As dores da humanidade. O nascer e o por do sol. O rio que corre. A borboleta. As formigas. Os passarinhos. O invisível. O desconhecido. O corriqueiro. A solidão. A companhia. A chegada. A partida. A morte. E até o amor. Tudo o que rodeia o poeta pode ser matéria prima ou inspiração para poesia.

 

SELMO VASCONCELLOS - Quais os escritores que você admira?

IVY MENON –Umberto Eco. Dostoiévski. Jorge Amado. Lígia Fagundes Teles. Raquel de Queiroz e muitos outros. E os poetas, Mário Quintana, porque doce e bem humorado, mesmo quando fala da morte. Florbela Espanca, porque escreveu só para mim. Manoel de Barros, por voar baixo, embora passarinhasse e possuísse asas imensas, e por saber das coisas da terra. Cora Coralina, por causa da simplicidade e da idade em que me encontro. Clarice Lispector, por tudo. Fernando Pessoa. Carlos Drumond. Ângela Zanirato. Lourença Lou. José Couto. Wander Porto. Ah! e mais uns cento e cinquenta e quatro mil outros que amo. Inclusive Augusto dos Anjos e Bocage.

 

SELMO VASCONCELLOS - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas?

IVY MENON –Deixa a Poesia usar todos os teus sentidos. Especialmente teus olhos. Depois, ela escorrerá dos teus dedos como a fonte que rasga o solo para fluir docemente e, ainda assim, traça o próprio caminho. Submete-te à Poesia. Dome-a. Faze-te dela lac_aio. Seja ela, teu transporte coletivo. Não desista da Poesia, por amor de todas as cores que existem ao ter redor e ninguém mais vê.

 

escreve_dor

 

escrevo pra iludir o tempo
que sôfrego engole-me palavras
pra matar a raiva in_contida
e os gritos todos incapazes

 

escrevo pra devorar os monstros
que habitam debaixo das águas
escrevo correntezas azuis em solo estéril
e arranco mordaças brancas do papel imóvel

 

escrevo pra escapar das horas
que relógios teimam lembrar
escrevo porque a vida me espreita
e a morte me tira pra dançar

*****

Pau Brasil

 

meu pai orgulhava-se de ser brasileiro

País com cheiro de madeira de lei

e cortava peroba

figueiras gigantes no serrote

seus braços eram só pão para a família

dizia-me de olhos semicerrados

estuda que a vida sem livros é árvore tombada

fruto não dá mais

 

cresci procurando sementes

temendo árvores derrubadas por raios

o futuro no chão sem chance de nascer

 

as folhas escritas nascidas das árvores mortas

meu pai não conhecia

foram salvação para meus dias

 

embora chore as dores de não saber

o universo em minhas mãos

inda creio nas crianças

que perambulam pelas ruas

sonhando letras feitas

de suor e madeiras repaginadas

*****

Ares e Afrodite 

meus dedos tocam versos
macios
musgos azuis chovidos no deserto
adaga e ternura
loucas elegias 
que se compõem no Ares
Afrodite deleita-se

ouço versos
escorrem aos borbotões
semeiam-se
ávidos 
dançam fertilidade 
à última gota

à derradeira nota
Pandora se abre esperança
traja Pontiaguda lança
e crava em meu peito
palavras in_sanas

minhas mãos transbordam versos
azuis
eu corro criar outros mundos 
feitos de poesia e sangue


 

 

 

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