Momento Lítero Cultural - Por Selmo Vasconcellos

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Foto: Divulgação

PABLO  NERUDA  -  SONETOS

 

II

 

AMOR, quantos caminhos até chegar a um beijo,
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em Taltal não amanhece ainda a primavera.

 

Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono, de água, de quadris,
até ser só tu, só eu juntos.

 

Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
a desembocadura da água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações

 

tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos,
com todos confundidos, com homens e mulheres,
com a terra que implanta e educa os cravos.

 

LXXXI

 

JÁ ÉS minha. Repousa com teu sonho em meu sonho.

Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.

Gira a noite sobre suas invisíveis rodas

e junto a mim és pura como o âmbar dormido.

 

Nenhuma mais, amor, dormirá com meus sonhos.

irás, iremos juntos pelas águas do tempo.

Nenhuma viajará pela sombra comigo,

só tu, sempre-viva, sempre sol. Sempre lua.

 

Já tuas mãos abriram os punhos delicados

e deixaram cair suaves sinais sem rumo

teus olhos se fecharam como duas asas cinzas,

 

enquanto eu sigo a água que levas e me leva:

a noite, o mundo, o vento enovelam seu destino,

e já não sou sem ti senão apenas teu sonho.

 

Livro: PABLO NERUDA - CEM  SONETOS  DE  AMOR

 

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