O 'e' ou a vírgula? Ou os dois podem aparecer juntos? - por Marcos Lock

Um grande amigo e leitor da coluna em Ji-Paraná nos encaminhou as seguintes questões esta semana:

“Caro Marcos Lock, a conjunção ‘e’ pode ou não substituir a vírgula na oração? E porque em outras orações a vírgula aparece seguida do ‘e’?”

De fato esta é uma situação curiosa na Língua Portuguesa e merece uma resposta cuidadosa, uma vez que tanto o “e” quanto a vírgula podem tomar um o lugar um do outro ou mesmo aparecer ao mesmo tempo.

Vamos ao primeiro esclarecimento: O “e”  pode substituir a vírgula na oração?

O “e” não tem a função de substituir a vírgula em qualquer enunciado, mas cumpre a sua missão de ser uma conjunção ligando duas orações com o mesmo sujeito.

Exemplos: “Silvia chegou ao cartório e logo foi atendida”; “Ele foi ao cartório de manhã e somente à tarde voltou para casa.”

O “e” também pode aparecer na conclusão de uma enumeração.

Exemplos:“Na mala dele havia apenas isto: um caderno, uma borracha, um lápis e uma caneta.”; “Maria pegou seus pertences para sair: sua bolsa, uma blusa, o vestido e os sapatos.”

Agora vamos ao segundo esclarecimento: Por que a vírgula pode aparecer antes do “e”  em muitas situações?

De fato, há também esta ocorrência, que se verifica nestes quatro casos a seguir

a) Quando o sujeito da oração é diferente daquele dito anteriormente

Exemplos: “Rosana não gostava de sol, e sua irmã não gostava de chuva.” Aqui temos dois sujeitos, “Rosana” e “sua irmã” e, por isso, temos duas orações com sujeitos diferentes; daí o uso da vírgula seguida do “e”.

Mas se tivermos um só sujeito, então a vírgula desaparece: “Rosana gostava de sol e de chuva.”

b) Quando o “e” é utilizado com o sentido de oposição, expresso por uma conjunção adversativa (mas, porém, contudo, entretanto, todavia etc.):

*Exemplos: “Flávia estava muito cansada, e continuou trabalhando.” Isto equivale a dizer: “Flávia estava muito cansada, mas continuou trabalhando.”

 c) Quando o “e” sofre repetição no início de cada oração.

Neste caso, o “e” é repetido uma vez que ganha a função de um recurso estilístico, chamado de polissíndeto.

Exemplo: “Naquela tarde, Mariana cantava, e dançava, e pulava, e sorria.”

E finalmente, o quarto caso:

d. Quando temos uma informação intercalada na frase.

Aqui, utilizamos a vírgula antes do “e” quando ele é precedido de uma intercalação.*

Exemplo: “O trem das onze”, de Adoniran Barbosa, e “As rosas não falam”, de Cartola, representam dois grandes sambas brasileiros.”

A intercalação aí foi inserida para dar autoria ao famoso samba e, por isso aparece entre vírgulas.

Até a próxima coluna, amigos leitores!

(*) Marcos Lock é jornalista profissional e professor de Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Rondônia (Unir)

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DÚVIDAS E SUGESTÕES PARA ESTA COLUNA DEVEM SER ENVIADAS PARA O WHATSAPP (69) 9.9328-1521, AOS CUIDADOS DO PROFESSOR MARCOS LOCK.

 

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