Cagoetar e aloprar. O que está certo aqui? - por Marcos Lock

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Na CPI que está em andamento para tratar dos delitos cometidos no dia oito de janeiro, em Brasília, o coronel Jean Lawand Júnior levou uma “cola” para orientar seu depoimento. A imagem captada pelas câmeras fotográficas de jornalistas revelou que o militar foi orientado, entre coisas, a “não aloprar” e falar “sem cagoetar”, ou seja, a falar sem delatar ninguém. De fato, durante sua fala, Lawand tentou blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro ou o Alto Comando do Exército de qualquer relação com as mensagens de cunho golpista.
 
 
Mas vamos ao que interessa a esta coluna. O termo “aloprar” foi incorporado recentemente pelos dicionários e é bastante utilizado por todos. Quando se diz que alguém age de modo aloprado, significa que características pejorativas como maluquice, falta de equilíbrio e de controle emocional, estupidez ou até a grosseria fazem parte de seu comportamento.
 
 
Etimologicamente, a palavra “aloprar” é uma deturpação de “alorpado”, que por sua vez deriva do termo italiano “lorpa”, adjetivo referente àquele que é aparvalhado, pateta, imbecil ou ignorante, ou seja, alguém cujo comportamento foge a todos os padrões sociais aceitos. Tanto o verbo “aloprar” quanto o adjetivo “aloprado” já foram gírias e hoje são reconhecidos pelo Volp, o Vocabulário Oficial da Língua Portuguesa”, editado pela Academia Brasileia de Letras. 
 
 
Este termo ganhou bastante popularidade nacional a partir do filme “O Professor Aloprado” (The Nutty Professor, em inglês). A película foi oficialmente lançada em 1996, nos Estados Unidos e foi dirigida por Tom Shadyac, com destaque para a atuação de Eddie Murphy.
 
 
Já o verbo “cagoetar” precisa, na verdade, ser escrito “alcaguetar” ou simplesmente “caguetar”. A pronúncia deve levar em conta o “u” como sílaba tônica ficando assim: /cagüetar/. Deste verbo provêm os substantivos “alcagueta” ou “alcaguete”, que pelo uso da língua foram simplificados para “cagueta” ou “caguete”. O termo originalmente vem do espanhol “alcahuete” (há quem diga que veio do árabe “al-qawwâd”) que no início queria dizer “alcoviteiro”, ou seja, alguém que se intromete ou que serve de intermediário em intrigas; mais conhecido como fofoqueiro.
 
 
O “alcagueta” (ou “alcaguete”) carrega atualmente a significação de “delator, espião ou informante da polícia.” Também pode ser sinônimo de “X9”, aquele “dedo duro” ou linguarudo perigoso que entrega os companheiros para as autoridades. Esta expressão foi cunhada no extinto presídio do Carandiru, na cidade de São Paulo, onde havia o Pavilhão X9, no qual estavam encarcerados os responsáveis por crimes hediondos, aqueles que provocam horror e causam repulsa devido à sua gravidade. 
 
 
Até a próxima coluna, caros leitores!
 
 
(*) Marcos Lock é jornalista profissional e professor de Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Rondônia (Unir)
 
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DÚVIDAS E SUGESTÕES PARA ESTA COLUNA DEVEM SER ENVIADAS PARA O WHATSAPP (69) 9.9328-1521, AOS CUIDADOS DO PROFESSOR MARCOS LOCK.
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