A porta - Por Paulo Saldanha

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CRÔNICAS GUAJARAMIRENSES

A PORTA




 

 Por Paulo Cordeiro Saldanha

 

A porta pode ser sagrada, como acesso ao nosso lar ou ao templo, ao trabalho ou ao juizado na busca de justiça. Todavia, pode ser profana, se for aberta para abrigar uma reunião de bandidos, ou para a luxúria num lupanar...

 

Ah! A porta de uma igreja, de um templo ou da sinagoga, lugar místico para a evangelização, para o nosso encontro com Deus, para nossas inflexões e reflexões, limpeza da alma e purgação de eventual deslize, em nome da misericórdia, sem intermediários.

 

Ah! A porta que nos introduz no âmago do nosso lar, lugar dos papos descontraídos, do aconchego das crianças e da mulher amada!...

 

Vicente Celestino, ídolo do cancioneiro popular nacional da geração dos meus pais, nos legou que algumas portas estavam fechadas, menos aquelas das igrejas de Jesus, que, abertas, lhe trouxeram renascimento e transformação... posto que, contra os templos, sob a forma de cruz, “não há queixas – são os braços de Jesus”...

 

E ao adentrar no templo do Homem de Nazaré, seus caminhos desvendaram-se, devolvendo-lhe a esperança e a fé. E com a fé readquirida, sentiu-se como que transportado para o céu.

 

O Evangelho nos fala das portas estreitas, através das quais se ingressa no paraíso, praticando as virtudes e dizendo não ao egoísmo, à intolerância, à maldade, à intransigência e à maledicência.

 

Ingressar pela porta estreita obriga-nos a ser diligentes, generosos, flexíveis, de bom de coração, despojados de vaidade; e, qual caminhante em busca de aperfeiçoamento, porque o Evangelho nos ensina a sempre procurar agir inspirando-nos naqueles seres que buscam a paz e a concórdia entre os irmãos de boa vontade.

 

Entrar pela porta da frente simboliza transitar com energia positiva e espraiar luz intensa ao derredor. Sair pela porta dos fundos significa, muitas vezes, evadir-se, fugir, escapulir, sair furtivamente, escapar sabe-se lá do que...

 

No cotidiano dos humanos abrimos diversas portas: ao acordar, a do banheiro, para a higiene matinal; a do quarto, após arrumados com a indumentária; a da despensa, para recolhermos gêneros; da geladeira, para retirar produtos; a da cozinha, para o desjejum; e, depois, a do elevador ou a do carro, para rumarmos em direção ao trabalho que dignifica os seres humanos e honra a nossa cidadania.

 

Todavia, consideremos a abertura da porta da cadeia para o delinqüente, para o parricida, homicida, feminicida, para o latrocida, quando se espera que, ao ficar preso, tenha merecido a recuperação...

 

Será?

 

Nem por isso devemos nos vingar das portas, batendo-as com violência, em face de um contratempo ou de uma irritação. Afinal, nenhuma culpa tiveram na origem das nossas contrariedades.

 

Alberto de Oliveira, falecido aos 80 anos, poeta, assim como Raimundo Correia e Olavo Bilac, da safra do parnasianismo mais clássico, nos legou o soneto A VINGANÇA DA PORTA, em que aquele um tinha por hábito de, ao ingressar no lar, dar com a porta nos batentes, e a doce esposa lhe questionava: "O que te fez essa porta?"

 

E o homem, arrogante e insolente, saía e chegava batendo com força a porta. Até que um dia, ao retornar à casa...“Quando erguia a aldraba, o coração lhe fala: Entra mais devagar... -Pára, hesitando... Nisto nos gonzos range a velha porta, ri-se, escancara-se. E ele vê na sala, a mulher como doida e a filha morta”.

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