À Cesar o que é de Cesar - Por Paulo Cordeiro Saldanha

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Crônicas Guajaramirenses 

 

Após ter estudado no inicio de 1960, primeiro em Paty do Alferes, depois na cidade do Rio de Janeiro, no colégio Santo Agostinho, e tendo retornado a Guajará-Mirim, em 1962, após a morte de minha mãe, parti, de novo em 1968 no rumo de Goiânia, por dever profissional, viagem que continha o sonho de buscar o curso superior, intuito de muitos jovens da minha geração neste pedaço de chão, carente de ensino superior.
 
E, qual cigano naveguei por outras terras como Barra do Garças, Guiratinga e Cuiabá, no Mato Grosso, em cuja capital iniciei o bacharelato em Direito. Depois na capital manauara celebrei no Teatro Amazonas, numa emocionante solenidade, a conclusão do curso superior.
 
Antes, em 1979, lá conheci o então Prefeito Jorge Teixeira, que, sabendo que eu era guajaramirense lascou:
 
–Que é que tu estás fazendo aqui e não na tua terra, ajudando-a?
 
–Coronel, acabei de ser transferido para Manaus e ainda estou cursando o sétimo período de direito. Mas, concluindo quem sabe se não serei seu subordinado lá no nosso território...
 
Alguém gravou na pedra do universo esse nosso diálogo, quando fui apresentar-me ao Prefeito como o novo gerente da Agência do BASA na cidade de Manaus.
 
Em 1982, na residência do então Prefeito Isaac Bennesby recebi o convite para integrar a primeira diretoria do BERON. Presentes além do anfitrião, o Teixeirão, o José Renato e dois dos seus pilotos.
 
No ano seguinte, em 1983 conheci o César Augusto Ribeiro de Souza, já nomeado Procurador Geral do Estado de Rondônia, mais novo que eu, é possível que tivesse pouco mais 30 anos.
 
Profissional idealista, sério, lúcido, defendia os interesses da terra com acrisolado fervor, granjeando simpatias de homens e mulheres apaixonados pela terra, de um lado, e antipatias, noutra ponta, quando alguns aproveitadores sofriam reveses, em face da sua ação protetora nos direitos rondonienses.
 
O César Augusto Ribeiro de Souza tornou-se um amigo de fé, um irmão, camarada, seja em função das suas atitudes sempre comprometidas com os reais interesses do Estado, inspiradores dos mesmos propósitos e princípios que eu também defendia.
 
Tendo sucedido o ínclito doutor Fouad Darwich Zacharias na PGE, iniciou ou concluiu todas as etapas de organização do TJ, ALE, CMR, BERON, COHAB, enfim não teve um órgão que não tenha passado por suas mãos, da Márcia Regina Pini, e de toda a briosa equipe de abnegados da Instituição que ele comandava com denodo, eficiência, eficácia e efetividade.
 
Pareceres brilhantes, contundentes, bem fundamentados, objetivos, fossem jurídicos ou administrativos, visando a orientar o Governador na tomada de decisões, seja na vertente cientifica e/ou técnica jamais prescindiram da característica impessoal com que colocava, de forma inequívoca, clara e cristalina a sua posição.
 
Sua vida pública fora construída com altivez, zelo, independência e responsabilidade, detalhes que o fizeram receber o respeito maior de Sua Excelência o Governador Jorge Teixeira de Oliveira.
 
Como passei a acompanhar a sua trajetória vi o quanto era reverenciado pelo nosso líder, que sempre valorizava a lealdade e o bom caráter!
 
O “Cesinha”, apesar da juventude já detinha um amadurecimento invejável e suas orientações inteligentes e sábias eram seguidas pelo governante, em função da confiança que aquela autoridade acalentava em relação ao seu assessor maior.
 
Esse César Ribeiro de quem eu falo, é lembrança recorrente nos espaços de minhas saudades, já eternizadas na minha memória. Os governantes são outros, que substituíram outros e esses outros por outros.
 
Perdi o contato com esse meu “brother”. Eu soube que hoje vive em Natal-RN.
 
Seus filhos devem sentir muito orgulho desse pai que tem história altamente positiva aqui na geografia que nos serviu de berço!
 
Todavia, eu lembro que quem não cultiva a gratidão não terá outras virtudes, em razão dessa afirmação eu, para constar, embora sem poderes para cravar com tintas fortes ouso dizer:
 
–César Augusto Ribeiro de Souza, Rondônia lhe deve tanto– e muito– só falta reconhecer...
Direito ao esquecimento

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