A Fronteira do Humano - Por Marquelino Santana

Na aversão doentia ao outro, a xenofobia reina triunfante colocando em privação e cárcere fronteiriço, as minorias étnico-raciais que sem pátria e sem mátria, são afrontosamente subalternizadas por um poder hegemônico totalitário ereacionário que de forma malevolente execra e degrada delinquentemente as populações originárias e tradicionais da Pan – Amazônia.

 

Por mais obstinadas que sejam, essas coletividades amazônicas são criminalmente alijadas de seus direitos humanos internacionais e ao mesmo tempo, são estereotipadas e estigmatizadas de maneira desumana por atos desditosos e descomedidos, oriundos de uma fronteira desregrada e belicosa que asfixia sem comiseração a briosa liberdade existente entre o homem e a natureza encantatória. 

 

A derrocada humana fronteiriça é danosamente condenada a uma espécie de cadafalso público, que diante de um grande infortúnio e infelicidade, sofre cotidianamente no calabouço causticante da vida. Nessa celeuma e imbróglio da geopolítica internacional, a diplomacia é impiedosamente ceifada de brandura, tolerância e benignidade humana. 

 

Nessa balbúrdia de ameaças e insultos e de sons cacófatos e imorais, as coletividades fronteiriças continuam enfrentando o descalabro e o desdém do desespero e da desterritorialização delituosa do lugar. Um lugar agora desirmanado da terra pela arrogância e pela frustração de ser literalmente destruído das asas libertas do bem viver.

 

Um lugar sem mácula, um lugar suntuoso, um lugar virtuoso que alçava voo em asas de inegável talento, era o lugar da volúpia e da vivacidade, e agora tornou-se um espaço de embuste, de escárnio e sem escrúpulo, que de maneira esdrúxula abre caminhos para a passagem do ilícito e para a extinção da fronteira do humano.