Nelson Pereira dos Santos adaptou obras essenciais da literatura brasileira. Machado de Assis, Jorge Amado e Graciliano Ramos. "Vidas Secas" e "Memórias do cárcere", lançado em 1983, com Carlos Vereza - perfeito como Graciliano Ramos e grande elenco.
Acusado de participar do levante comunista de 1935, o autor de São Bernardo, Angústia, Infância, é preso em sua casa, sem processo e fica dez meses na cadeia, passando por três prisões, no Recife, Rio de Janeiro e na Ilha Grande, onde escreve suas memórias, conta a experiência traumática e violenta imposta pelo estado fascista da época. Daí nasceu uma das obras mais contundentes do escritor alagoano - Memórias do cárcere.
O diretor pretendia realizar a adaptação em 1964, no entanto, logo percebeu que teria de adiar seus planos por causa da ditadura militar vigente. O filme somente chegaria às telas quase duas décadas depois quando o regime totalitário havia chegado ao fim, ou quase.
O livro conta com quase 300 personagens e Nelson diminuiu para a metade e realizou um roteiro minucioso que resultou num filme com duração de três horas e sete minutos. Esta, é certamente, a obra prima do grande cineasta considerado um dos criadores do chamado Cinema Novo.
"Memórias do cárcere" tem em Carlos Vereza a sua força motriz. O ator passou a fumar e emagreceu para dar mais realismo a sua personificação do escritor. Nelson Pereira dos Santos, com mais essa produção, comprovou ser um dos maiores cineastas da história do cinema brasileiro.