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Estou longe de ser um purista linguístico. Pelo contrário, admiro esse vigor que as línguas possuem em se adaptar, inovar, evoluir, avançar em direção à economicidade, à lógica de diferentes meios sociais, à eficiência comunicativa e à simplificação da vida do usuário nativo. Esse é um processo incontrolável e avassalador que se consolida ao longo dos tempos. Para se ter uma ideia desse dinamismo em mutação, o compêndio Ethnologue registra 6.912 línguas faladas em todo o mundo nos dias atuais. Do velho Latim Romano, vieram o português, italiano, francês, galego, provençal, romeno, catalão e o dalmático (falado antigamente na região da Croácia e hoje língua extinta). Dá para acreditar nisso?
Eficiência presente
Como pode ser visto, em menos de 2 mil anos, o isolamento de comunidades, o adaptar-se linguístico juntamente com dezenas de outros fatores produziram línguas díspares a partir de um tronco comum, entretanto, todas com plena eficiência para a comunicação plena. Não cabe falarmos em uma língua ser melhor ou pior do que a outra. Todas são plenas e cumprem integralmente suas funções. A cada inovação ou necessidade do falante, novas estruturas e novos vocábulos são criados pelo meio dando eficiência plena à língua. Fantástico isso.
Aculturamento
Constatado esse processo histórico, há outros acontecimentos, no âmbito linguístico, que se distanciam um pouco desse procedimento natural. Sem dúvida, algo incômodo aos meus puros e castos ouvidos. Isso se evidencia não só nos dias atuais, porém, é nítido, assume uma maior velocidade nestes tempos de globalização. Países inteiros deixam de usar suas línguas maternas, suas palavras vivas, em expressões do cotidiano, com a clara intenção em se aproximar culturalmente do dominador econômico de plantão. Nesse caminho, somos invadidos por uma enxurrada de palavras e expressões inglesas descabidas e constrangedoras. Não empregar algumas expressões na língua do Tio Sam representa quase um insulto ao salutar convívio social de algumas “tribos”.
Inglesamento ao portuga
A Imobiliária não vende mais escritórios, apenas anuncia “offices”, com vistas a atender a “business” de todos os tamanhos. O velho “Cachorro Quente” passou a ser o corriqueiro “Hot Dog”! A liquidação tão esperada virou “Sale”, e o desconto de 30% passou a “30% Off”! A festa do tigrão, na qual o Bar é franqueado ou livre, agora é com “Open Bar”! As pausas entre palestras ou atividades quaisquer, inexplicavelmente, tornaram-se, ao invés de “intervalo de lanche ou café”, no patético e descabido “coffee break”! Dar uma melhorada no próprio visual passou para renovar o “Look”! E a lista de anglicanismos, tal qual a uma sangria desatada, não estanca aí, a revelar nosso enorme fascínio pelo “talento” da língua alheia.
A língua nos revela
Esse aculturamento linguístico não é um processo novo e nem exclusivo do Brasil. Ao longo da história, diferentes línguas se impuseram pela força do poderio econômico e militar. O que causa espécie, em tal caso, é o fato despolitizado e subserviente com que as elites intelectuais deste país se sujeitam impavidamente a esse processo. Falar, escrever ou citar frases ou expressões em inglês virou chique, elegante... culto!!! Vivemos em um mundo onde todos precisam dominar uma língua comum, e o inglês já foi escolhido para tal. No entanto, essa necessidade não quer dizer que sejamos obrigados a negar nosso passado e nossa história, aceitando o rebaixamento de nossa língua materna. Afinal, cara pálida, ela constitui um dos principais elementos aglutinadores e perpetuadores de nossa genuína e fantástica brasilidade. Reguemos a nossa “última Flor do Lácio, inculta e bela”*.
E se não concordou... (shit for you)!
*... a Língua Portuguesa foi o último idioma nascido do Latim Vulgar, falado na região do Lácio, na Itália, pelos soldados romanos.
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